Cansaram. Ao longo dos últimos meses – talvez pelo aquecimento do mercado de TIC – muitos profissionais amigos me relataram a percepção de que os recrutadores ou os gestores por trás de algumas oportunidades estão tendo muita dificuldade em expressar as qualidades que desejam em vagas para arquitetos corporativos e todos as suas vertentes de atuação: aplicações, dados, infraestrutura, segurança e outros.
Com isso em mente, resolvi escrever este artigo para que de alguma forma ele possa ajudar os tech recruiters e pessoas que não entendem muito bem nosso papel nas corporações.
Usando de muita síntese, podemos dizer que:
O Arquiteto Corporativo é um profissional com visão do todo da organização, com a missão de alinhar o que foi determinado como estratégia pelo alto corpo executivo e sua execução ao longo do tempo. Ele é capaz de navegar desde os processos de negócio que a empresa cumpre, passando pelos sistemas e dados envolvidos e chegando até a infraestrutura que suportará aquela operação em atendimento à estratégia definida.
Como bom aquariano, quero ser diferente: comentar o que é um arquiteto corporativo já é tema bem debatido, e para isso você pode contar a com a ajuda deste minicurso na faixa de um dos maiores expoentes no tema aqui no Brasil: Atila Belloquim, da Gnosis Solutions.
Creio que você já entendeu a motivação, então agora vamos direto ao ponto: O que o arquiteto corporativo não é !
1: O arquiteto corporativo NÃO é um desenvolvedor senior.
O arquiteto corporativo trabalha com a visão holística: ele conhece muitos sistemas, suas interações, traça roadmaps de como evoluirão para suportar o negócio, mas não adianta publicar uma vaga pedindo pro arquiteto corporativo codar em Java ou Python. O que essa vaga quer na verdade é um desenvolvedor senior, ou ainda um arquiteto de software, que normalmente é um profissional experimentando em uma ou mais linguagens de programação, e que deve zelar pelas boas práticas de codificação, compatibilidade de novas versões, estrutura dos programas e normalmente ser o consultor final quando existem problemas nos projetos de desenvolvimento.

A função de arquiteto corporativo não requer desenvolver. Claro que o profissional pode conhecer linguagens, eventualmente ser um bom programador, mas se você fez o minicurso lá de cima, viu o quanto além da programação e testes esse arquiteto precisará entender e definir numa organização.
E antes que me esqueça: arquiteto corporativo hands-on também se enquadra nesse tópico!
2: O arquiteto corporativo NÃO é um "Arquiteto Full stack"
Olhem, não sei de onde surgiu o termo, e é tão, tão ridículo, que prefiro não saber mesmo. A idéia por trás do termo, é um arquiteto que elabore soluções, estude novas tecnologias, desenvolva front-end e back-end, analise vulnerabilidades de segurança, monte uma infraestrutura no cloud, assovie, chupe cana e faça algumas piadinhas de stand-up comedy nos intervalos.

O arquiteto corporativo precisa ter visão holística, mas não ser o MacGyver. Esse profissional que algumas vagas ensejam é puramente ficção!
3: O arquiteto corporativo NÃO é um especialista
Arquiteto corporativo SAP, Arquiteto AWS, Arquiteto Java, Arquiteto JD Edwards, Arquiteto SOA, Arquiteto Salesforce, Arquiteto Corporativo Digital, Arquiteto Azure, Arquiteto Arbor, Arquiteto SpringBoot...ufa!! várias são as vagas que pedem um profissional que conheça TOGAF, elabore roadmaps, determine as capacidade de negócio, e…seja um especialista em uma determinada tecnologia.
Acho que já expliquei aqui mesmo que um arquiteto corporativo olha o todo, e apesar de poder ter algum conhecimento específico, não precisaria tê-lo se a organização de fato sabe que quer um arquiteto, e não um especialista.

O mercado (e os próprios fornecedores das tecnologias) cunharam termos como Azure Solution Architect, Salesforce architect e por aí vai. A idéia é ter um especialista que consiga desenhar uma visão de arquitetura, normalmente no nível de infraestrutura, integrações e aplicações, mas isso não é o escopo de um arquiteto corporativo. Talvez seja de um de um arquiteto de soluções, mas esse profissional também estará limitado pelas marcas e certificações que detém.
Concluindo, a intenção aqui foi de uma forma bem humorada tanto alertar meus colegas arquitetos corporativos sobre incoerências que encontramos em vagas, como abrir os olhos dos recrutadores e executivos por trás destas que ainda tem uma visão equivocada do que á arquitetura corporativa e qual seu papel nas organizações!
Add a Comment